Freitag, 15. März 2013

Crença, superstição, magia, esoterismo, ocultismo e a Psicologia jungiana (Parte II)


Quando falamos de uma influência de uma força superior, na que as pessoas se sentem vítimas porque o seu meio tornou-se hostil: nos seus trabalhos não se sentem realizados, no amor não têm sorte, parece que nada corre bem nas suas vidas procurando um entendimento para os seus problemas em forças sobrenaturais. Estamos a falar do poder de uma força autónoma, do arquétipo da sombra com componentes do Anima ou Animus de acordo a cada caso.

Quadro de Ernesto Ferrer


Uma vez, quando tinha 15 anos, por curiosidade assisti em Quito a uma feira muito simples, onde se apresentou numa das lojas um show especial, consistia na transformação de um homem numa espécie de homem-animal. Efetivamente, por um sistema de espelhos e ilusões ópticas, uma pessoa transformou-se numa espécie de monstro, que ao sair dali, "já mascarado" ameaçadoramente com um chicote, assustava as pessoas. Uma delas, uma senhora madura, indígena, entrou num ataque de pânico, eu saí atrás dela, quis acalma-la, dando-lhe confiança, dizendo-lhe que se tratava de um truque técnico, mas sem sucesso, pois assustada fugiu para fora do lugar. Não foi possível que ela chegasse a um entendimento racional.



À medida que uma pessoa projeta mais  sua interior para entes" forças mágicas" que têm poder condicionante sobre a sua vida, está num estado mais próximo, similar à alma dos povos primitivos que ainda existem atualmente e existiram  na pré-história. Emma Jung, a esposa de Carl Gustav Jung, não seu livro "Animus und Anima" pág. 9, descreve esta problemática de maneira clara, fundamentando-se esta ideia em investigações dá Antropologia.

Emma Jung diz-nos que o natural primitivo entende a alma, não como uma unidade, senão num enquadramento plurifacetado. Esta maneira de ver dá-se nos diferentes povos primitivos. Eles creem no sobrenatural. Estes homens primitivos, diz-nos Emma Jung, acham que os espíritos vivem dentro deles, creem também que na natureza existem fadas, duendes, magos, gigantes das montanhas, que os objetos e os fenómenos da natureza têm alma, como as pedras, montes, nevados, rios, etc.

Mas este problema não é só próprio dos povos primitivos. A alma do ser humano chamado culto e civilizado é “per sé ” primitiva. Esta manifesta-se especialmente quando ele começa a perder controlo de si mesmo, da sua existência. Volta-se irracional. Hoje em dia o ser humano está a viver a nível mundial uma crise económica. É surpreendente a quantidade de pessoas que acreditaram na profecia Maya, do fim do mundo. Creem em cataclismos míticos, maldições dos deuses, castigos divinos, etc

O caminho correto

Uma paciente pensava que ou vizinho tinha poderes sobrenaturais, que era capaz de lhes fazer magia sendo, ele ou causador do mal-estar do seu filho hipercativo de 4 anos que dormia de noite.

Outro paciente quer curar os seus sofrimentos pensando em símbolos que supostamente lhe darão saúde e harmonia, mas na realidade nada se pode controlar por fora, ele sofre de um complexo paterno não solucionado que se manifesta como imago paterno destruindo-lhe tudo ou que quer empreender na sua vida.

Uma mulher arranha-se na cara quando dorme pelas noites, acha que está possuída por demónios, sendo na realidade por causa de uma grande agressividade contida que a reprime.

Outra paciente escuta vozes de pessoas mortas, acha que tem poderes de médium, entrega-se a gurus masculinos, não sabia que no fundo era a procura do pai morto acidentalmente, quando ainda era menina, o pai desapareceu e ela nunca quis aceitar o acontecido e portanto não realizou ou luto correspondente. Poder-se-ia falar de muitos mais casos, mas não é a finalidade deste artigo.

O caminho correto para solucionar o conflito é o da confrontação com os nossos problemas, com a entidade chamada inconsciente. Esta tem influência direta sobre a nossa vida subjetiva, tanto no material como no espiritual. Também sobre o nosso corpo. Quando a distância e ou desconhecimento da nossa alma é maior, dá-se ainda mais a projeção para fora, e será mais forte a influência negativa dela. Como quando existe um trauma que corta os sentimentos, o emocional.

Quando levamos uma relação saudável com o nosso inconsciente, não só encontraremos a felicidade ilimitada, verdadeira, também o nosso meio tornar-se-á saudável. Não trata-se de querer tratar esse lado por fora, com magia, senão, o de aprender a conscientizar as nossas forças interiores, só assim elas converter-se-ão em produtivas, construtivas. Trata-se de um crescimento interior. (Ver conferência de Vigo)

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