Sonntag, 8. Dezember 2013

A loucura das guerras

Escrito por Ricardo Holland
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O homem moderno arcaico segundo a Psicologia Analítica

A manifestação mais contundente da doença do ser humano, da separação de si mesmo, é a aceitação nos seus valores sociais, morais e éticos, a matança coletiva a que inclusive é justificada por entidades que representam o sagrado, religioso. Esta é a manifestação clara do lado doente do ser humano e da separação da sua essência.

Os conflitos entre as diferentes sociedades, mal se podem solucionar com violência, para isso deve-se procurar qualquer meio para encontrar a harmonia através de um consenso, através da palavra.

É preocupante que o ser humano após tantos séculos e vários milénios não aprenda das consequências nefastas e trágicas das guerras que provoca.
A psicologia analítica trata de explicar este fenómeno indicando como funciona a mente arcaica. Jung ditou uma conferência no círculo de leitores Hottingen em Zürich no ano de 1930 onde fala sobre o homem arcaico, baseando-se na teoria do famoso sociólogo Lévy-Bruhl, cujo conceito fundamental são as "representações coletivas". Pág. 68 Tomo X das obras completas de C. G. Jung.

 Este conceito refere-se à maneira que vê o homem arcaico no seu meio, uma realidade muito diferente à do homem moderno, o qual para entender qualquer fenómeno baseia-se numa explicação "Causalista". O homem arcaico em mudança vive num mundo muito diferente ao do homem moderno.
Quando algo na vida do homem arcaico muda, por exemplo com o aparecimento de um fenómeno natural diferente, como um eclipse, um cometa, quando um animal noturno é visto de dia, etc., é para ele uma manifestação de uma força todo-poderosa que quer romper a ordem natural do seu mundo. Este homem procura constantemente reafirmar-se na continuidade dos fenómenos naturais mas, quando isto não sucede começará a realizar associações que de uma maneira a-causal, não racional, explicarão desde o ponto de vista da magia o problema. A solução para retornar à normalidade será a realização de ritos, oferendas, atos mágicos. Na idade média era comum este tipo de reações o fazedor de chuvas, ou quando o inverno durava mais que o devido eram culpadas grupos de mulheres e queimadas na fogueira acusadas de bruxaria, etc.
Levy-Bruhl fala da "participação mística", a matéria tem alma, em cada gruta vive o demónio, nos bosques os espíritos, em cada montanha a grande serpente, cada árvore tem uma voz que chama às pessoas, o psíquico ocorre fora dele. Não há separação entre o inconsciente e a realidade externa. Trata-se de uma projeção psíquica para o exterior.

No homem moderno, num lado profundo da sua psique ainda vive o arcaico. Na guerra sucede um processo similar. Quando se dá uma transformação externa do seu meio, o homem moderno perde o sentido racional que ajudar-lhe-ia a procurar um entendimento causal do problema. Faz uma regressão ao seu nível arcaico e adere-se aos argumentos coletivos que justificam a um nível causal a matança coletiva, com argumentos mágicos mas sem nexo com a realidade.

O grande problema estriba em que o ser humano quando caia no seu nível arcaico, use a força a cada vez mais mortífera da tecnologia avançada do homem moderno para solucionar os seus conflitos.

 
Quadro de Angela R.

Hoje em dia o ser humano tem que crescer como indivíduo, crescer em seu essência e não se deixar alienar pelo coletivo. Deverá crescer com responsabilidade pessoal, sem seguir à cega os sistemas obsoletos sociais.

Um dos fundamentos da vida é que a essência se manifeste no mundo. Uma vez que o homem moderno contacte com seu lado secreto e profundo será impossível que seja um participante ou espectador mudo das atrocidades e guerras que se cometam no nosso querido planeta.
Terá que rejeitar de forma ativa, menosprezando qualquer manifestação de violência e destruição.




1 Kommentar:

  1. As guerras que existem dentro de nós são as que são exorcisadas na violência colectiva da tribo. Os chimpanzés também o fazem. Talvez haja algo de genético nisto. No dia 30 de Dezembro morreu-me a minha gatinha Rebeca, depois de uma semana no veterinário a recuperar de uma queda do alto da varanda de um sexto andar. Depois de operada pareceu recuperar bem e tanto o veterinário como eu estàvamos esperançosos. Porém, nesse dia e uma semana depois a gatinha sossobrou para meu enorme desgosto e também das minhas filhas. Fomos enterrá-la no campo com a dignidade e o carinho que nos merecia. Entre sentimentos de culpa, pois na verdade não deveria ter dado à gatinha acesso à varanda, tendo eu escolhido esse acesso como espaço possivel de liberdade a que o animal tinha direito, acima de qualquer perspectiva doméstica, lembrei-me, entre outras coisas, do que um certo psicólogo famoso disse àcerca da nossa relação com os animais de companhia. Dizia ele que o que distingue a nossa relação com os humanos e com os animais é que a nossa relação com estes últimos nunca é ambivalente. E tinha razão.
    Penso também que os animais limpam as nossas guerras interiores. Induzem-nos paz. Por isso transferimos para eles uma boa parte dos nossos afectos.
    Ernesto

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