Sonntag, 16. Juni 2013

O Animus, Carl Gustav Jung

A mulher na sua psique, segundo a Psicologia Analítica, tem uma instância que é a contrapartida do seu género feminino, é o arquétipo do Animus, é seu lado masculino. O Animus vai-se formando na psique da mulher à medida que ela vai tendo contacto com o sexo masculino, com o seu pai, irmãos, tios, professores, amigos, etc. O  Animus está influenciado  também pela  imagem do homem da sua cultura e simultaneamente determinado  pelas características masculinas latentes  próprias nela mesma.
Segundo Carl Gustav Jung o pai forma a imagem do Animus na menina, a mulher em vez de actuar e pensar por si mesma, cita constantemente o seu pai e quer pensar como ele.

O problema dá-se quando a mulher projecta o seu Animus no seu marido ou apaixonado, chefe ou professor, já que não vê o homem como ele é na realidade ou melhor dizendo, vê-o com a cor dos prismas das suas lentes. Quando o homem se adapta ás  projecções da mulher  ou   tem uma  conduta natural    similar as projecções, a relação torna-se harmoniosa, mas caso contrário, o homem não se sente aceite tal como é e a mulher pensa que o homem a enganou,  por que  depois de um tempo ele  apresenta-se diferente. A mulher começa a rebaixá-lo, a recusá-lo. Pouco do que o faça tem algum valor para ela e perde a sua admiração. Compara-o constantemente com outros homens que actuam como imagens projectadas do seu Animus.

A mulher possui vários níveis de Animus, de acordo a seu próprio desenvolvimento espiritual interior. É assim que a mulher de um nível mais inferior interessar-se-á pelo homem que represente o primitivo, é o típico homem Tarzan, musculoso, que se entende bem com o mundo básico, por assim dizer animal, é o homem que se faz respeitar com os músculos, o atleta com um corpo muito desenvolvido. Ele é um homem erótico, fisicamente dotado, bonito, mas por outro lado, não consegue desenvolver uma conversa culta e inteligente ou profunda sobre um tema existencial transcendente. Esta mulher com um Animus pouco desenvolvido apoiar-se-á em argumentos que viu na televisão ou leu em revistas, ou escutou nas conversas de café. Por outro lado  a mulher mais culta defenderá os seus argumentos citando escritores famosos, filósofos, políticos, baseando-se no que estudou na universidade, nos livros que leu. O Animus desta mulher será, melhor aludido, a imagem do homem culto, com influências no seu meio, o estadista, o diplomata. Ela admira a inteligência dos homens e as suas capacidades racionais. Ela é racional deixando-se guiar mais pelo seu ratio pero isso em detrimento dos seus sentimentos.
Outro nível de Animus mais elevado é o do homem sábio, o Gandi, Jesus Cristo, o homem puro e espiritual. O que é humano sobretudo, filantropo, justo. O Homem que se põe em segundo plano, para dar prioridade aos outros. O homem que nunca usa a força bruta para se impor, senão que procura um consenso. Esse homem interessa-se pela vida e a humanidade, preocupa-se com o desenvolvimento interior, a arte e a beleza.

Segundo Carl Gustav Jung o   Animus destrutivo, em comutação,   pode levar o marido ou os filhos à morte, ou seja, que os filhos  nunca chegam a casar-se.    Uma mãe cujo filho se afogou disse assim: .-Prefiro-o assim, é melhor que o dar a outra mulher.



Gráfico realizado por  Antonio B.
 Um pai alcoólico que agredia na sua casa os seus filhos, ou uma mulher que foi violada, produzem-se per sé Animus violentos e negativos. O Animus negativo cria na mulher sentimentos de nulidade, -sou suja, sinto-me prostituta, nunca conseguirei amar ninguém, nem ninguém amar-me-á, não posso, nunca serei feliz.
Uma mulher que foi abusada pelo seu tio na idade de 4 anos sonhava quase todos os dias com homens que a torturavam, que a desprezavam, que a usavam como uma boneca para depois a  descartar. Como o seu Animus é tão negativo na sua vida real junta-se sempre com homens conflituosos e perversos, que a maltratam fisicamente e psiquicamente, que a fazem sofrer constantemente. Homens que se aproveitam delas e as rebaixam constantemente. Homens que a violam tornando a sua vida numa situação de constante terror.
Uma paciente que teve um pai alcoólico violento, que cada vez que chegava à casa tinham cenas de grande violência contra a sua mãe, casou-se com um homem alcoólico. Quando ela se quer separar ele persegue-a onde ela se esconda, com ameaças de morte. Ela vive exactamente no presente a sua relação amorosa adulta o Animus exterminador da sua infância.

Mas quando o Animus é consciencializado converte-se num guia na carreira profissional da mulher dá-lhe a segurança e a impulsiona-a a realizar projectos especiais e com sucesso. É capaz de guiar grupos e usar a sua energia para o seu crescimento pessoal assim como de outras pessoas. Com a consciencialização do Animus tenebroso a mulher deixa de projectar o seu interior nefasto nos homens. Corta esse círculo ourobórico e sendo capaz pela primeira vez na sua vida de conhecer o verdadeiro amor e a satisfação sexual total que vem da entrega a um homem que a estima e a quer, sem querer controlar por medo o momento especial. Uma nova dimensão que é absolutamente normal, mas que para ela é a descoberta do diferente e o extraordinário na sua vida.
(Ver o arquétipo do Anima).

2 Kommentare:

  1. Compreender estes conceitos parece-nos fácil mas integrá-los leva o seu tempo. Contudo, parece-me ser um bom caminho para os que querem romper o ciclo vicioso da sua vida insatisfatória. Com paciência transformamo-nos. E a terapia ajuda.

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  2. Maria Alexandra Basto7. Juli 2013 um 09:18

    O medo. É ao mesmo tempo um aliado, que nos permite avaliar o potencial perigo e agir em conformidade, e um poderoso elemento limitante, constrangedor e paralisante da alegria de viver em plenitude. Criar as condições para que o ciclo vicioso e destrutivo se torne num ato criativo e securizante é sem dúvida uma das melhores decisões que podemos tomar. É preciso coragem, é preciso determinação, é preciso auxílio. Mas compensa muito mais do que continuar o sacrifício de uma vivência incompleta e pouco de acordo com o ser pleno que nascemos para ser. Obrigada pela partilha, Dr. Ricardo!

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