Sonhos prospectivos
A função do inconsciente considera-se
relativada aos efeitos da consciência, mas também a consciência pode passar a
estar relativada à intenção do inconsciente. Neste último caso o inconsciente
torna-se um guia, construtor, formador da psique e a consciência deveria
escutar as suas mensagens já que são conteúdos que podem ter uma importância
vital superior.
Não só temos que entender os fenómenos do
inconsciente desde um ângulo donde a consciência se manifesta como uma
instância que tem propósitos diferentes e contraditórios à finalidade do
inconsciente, que como já o mencionei em outros artigos esta dualidade produz a
doença psíquica.
Neste sonho apresenta-se claramente a
característica guiadora do inconsciente com respeito a um conflito interior:
Por exemplo, na invenção da máquina de costurar, Elias Howe após muitas
tentativas para descobrir a solução para que não se rompesse o fio da máquina,
sonha que é preso por homens aborígenes que o querem matar, precatando-se que
eles têm lanças onde se encontra um orifício nas pontas. Ao acordar cai em
conta que as agulhas das suas máquinas deviam de ter um orifício na ponta e
dessa maneira não se romperia o fio.
O inconsciente devido a
sua capacidade de recopilação e perceção de tantos dados, experiências, circunstâncias
do passado e presente e que a consciência não os retém ou elabora, está em
melhor capacidade que a consciência para encontrar caminhos de solução a
qualquer problema podendo por isso prognosticar um facto, por isso se torna
numa instância guiadora.
Quando a atitude consciente é levemente
separada dos desejos do inconsciente então a psique cria sonhos compensadores,
mas quando esta diferença se torna muito grande, a sua solução tem um carácter
vital, já que a consciência neste exemplo está mal adaptada às condições
globais do indivíduo, então a função onírica transforma-se em prospectiva.
Jung relata o sonho bíblico de
Nabucodonosor o qual vai indicar o futuro dele:
"Via uma árvore de tronco sumamente
forte e copa grande que se estendia no céu, debaixo da sua sombra posavam-se
animais selvagens. Do céu baixou um emissário para cortar a sua copa. A árvore
tinha que ficar só no seu tronco e eu devia viver a rás da terra como as
bestas, ademais, o meu coração de homem devia ser mudado por um de besta..."
O delírio de grandeza de Nabudoconosor evoluiu para uma destruição
mental.